CAPÍTULO 08 - HISTÓRIAS



-Mas então Babs, que história é essa do caso que a diretora Fernanda Barroso teve com esse tal de Markus ou coisa assim?

-Bem, foi a Kari doida que me contou, ela voltou para o meu dormitório, te contei?

-Não, o que você fez pra ela voltar?

-Comprei um cd pra ela, no mesmo site que comprei o seu hahaha

-Qual era o cd?

-Um tal de All I Ever Wanted. Da Kelly Claquinsion

-Kelly Clarkson?

-Sim sim, ela mesma!

-Tá, mas volte a história, você não tinha dito que foi o próprio Markus que te contou?

-Foi, mas foi a Kari Doida que me apresentou a ele, ela ficou um amor, pois viu em mim alguém que sempre a dará presentes de desculpa! Hahahaha. Eu tenho o dom de fazer amigos! Então, ela voltou lá pro quarto e começou a contar os podres da universidade, ela disse que tinha esse primo, o Markus, que estava no sexto período, ele conseguiu fazer ela burlar o vestibular, porque ele já tinha tido um caso com a diretora Fernanda.

-Nossa, isso dá cadeia!

-Ihh, você não ouviu nada, eles são da mesma família, uma tal de Família DUPRINA ou coisa assim, é tipo uma máfia que vem lá de São Paulo, Contam os boatos de que eles tiveram que fugir de lá porque estavam sendo caçados.

-Nossa, como você sabe dessas coisas?

-Tenho meus contatos, e quando você está do lado da Kari, ela é sua aliada, só não se pode ficar contra ela, ai já era!

-Tenho medo de você de vez em quando, não se misture tanto com essas pessoas!

-Tá tudo ok, eu sei quem bloquear na hora certa!

-Se você diz!

-Bem, então, ele passou para o vestibular para cá para fazer administração, com ele dentro da universidade, ele criou uma espécie de gangue que desestruturou a antiga diretoria, só que eles não contavam com a mão de ferro da diretora Fernanda, ela conseguiu destruir toda a formação desta gangue, mas quando ela chegou ao chefe, o Markus, foi uma paixão platônica por ele. E acabou cedendo e deixando ele ficar na universidade, ainda com um certo poder.

-Nossa, e o caso deles continua ativo?

-Correm as notícias que sim, mas ninguém gosta muito de falar sobre isso, todos tem medo.

-Mas se ele é parente da Kari...

-Primo, pra ser mais exato.

-Primo da Kari, não é perigoso para você ficar perto dos duprinos e falando deles?

-Eu posso comer coisas absurdas, mas não sou burra, eu sei quando e onde falar, sou uma semi-espiã!

Ela começou a fazer aqueles movimentos a lá matrix, e tudo mais, algo pavoroso!

-Menos Babs, Menos!

-Ok, ok – Ela se recompôs e continuou – A Kari é alguém manipulável, é fácil compra-la HAHAHAHA!

-Eita, você é má.

-Mas tem um pequeno problema.

-Ai meu Deus, o que?

-Se o markus descobrir que você está de olho na diretora preferida dele, ele vai ir contra você e sinto informar que você não terá chance nenhuma!

-Ai, Jesus o que eu fiz para merecer tantos inimigos neste lugar?

-Ah, faz tudo parte do script, vai que você vira protagonista de uma historinha na internet um dia, você pode ficar famoso! Eu vou ser coadjuvante!

-Você viaja garota, mas é sério, ele pode vir contra mim, e eu nem fiquei com a diretora.

-Então aproveita e pega, já vai se ferrar mesmo! UHUHUHU

-Muito engraçado sua sem vergonha, não é com você

-Mas pode ter conseqüências para mim também, afinal eu sou amiga dos dois lados, sou uma agente infiltrada na máfia Duprinowood, viu que lindo, uma mistura dos sobrenomes!

-Como você consegue ficar tão tranqüila?

-Bem, eu falei com o bruno, o inspetor mais inocente deste lugar, ele nem suspeita de nada, mas eu contei a história para ele e ele concordou em nos proteger, avisando sempre que possível.

-De que forma?

-A Aguia está saindo do ninho, a Aguia está saindo do ninho!

-Que diabos é isso?

-São códigos! Você é bem burrinho Wal

-Como eu vou imaginar o que passa por essa sua cabeça de avestruz?!?!

-Ahhh, assim você magoa, cabeça de avestruz é feio.

-Está você revelando seu lado dark então, melhor?

-Sim sim, mas vamos, tenho que te passar as coordenadas da nossa missão com a topeira das nuvens

-Como é?

-Vamos falar com o bruno, o codinome dele é topeira das nuvens!

-E qual é o seu codinome?

- Traça Voadora!

-HAHAHAHA

-O seu é guaxinim cagão.

-Ahhh Babs

Ela me puxava para a área dos dormitórios eu ia rindo e chorando ao mesmo, tempo, como alguém poderia falar essas coisas como se fossem coisas sérias? Chegando lá perto a cabine de Bruno – Ou topeira das nuvens como ela o chamava agora - ela estava vazia, mas Babs deu três batidas sincronizadas e ritmadas na cabine e ele levantou como uma... Como uma topeira! Ai Jesus!

-Tudo em cima capitã Traça Voadora?

-Ok,O Abutre continua calmo.

Vendo essa conversa absurda eu já me preparava para rir um bocado, mas ao ouvir uma voz chamando o meu nome, eu gelei da cabeça aos pés.

-Waaaaaal...

CAPÍTULO 07 - DIRETORIA



Caminhando ao lado daquela criatura com cara de espiga de milho, fiquei pensando em tudo o que eu tinha feito naquele curto tempo de universidade, não me vinha nada em mente que poderia me levar a diretoria da escola. E o que eu já tinha ouvido falar da Diretora Fernanda Barroso era terrível!

Peguei o elevador e fui ao último andar da universidade, era um lugar lindo, muito bem decorado e tudo parecia bem caro. Avistei uma porta com vidro embaçado e estava escrito com uma letra garrafal “DIRETORIA” engoli a seco.

A criatura cara de milho me empurrou para dentro da sala que estava meio escura, só com um abajur laranja aceso, Vi uma grande mesa de vidro com aquela plaquetinha escrita “ Diretora Fernanda Barroso” ela estava de costas para a entrada da sala, virada para a janela que dava para todo o campus da universidade, algo lindo!

Ela começou a falar de costas para mim, com uma voz grossa e firme, algo amedrontador.

- Boa tarde rapaz

-Boa Tarde, senhora Diretora. Aconteceu alguma coisa?

-Sim, eu lamento mas aconteceu, eu recebi algumas informações que me deixaram meio chateada. Mas antes disso queria que você falasse um pouco de você.

-Mas o que sobre mim?

-Eu quero te conhecer, gosto de saber o que vocês pensam sobre vocês mesmos, para eu avaliá-los a cada dia.

-Bem, eu sou um cara normal, nada de diferente, poucos amigos, mas amigos reais, um cara que quando pega algo para fazer, faz bem, ou tenta e tenta até conseguir.

-Já basta!

Ela não falou com nenhum tipo de arrogância mas por causa de sua voz, parecia que ela queria me matar.

- Eu estou achando interessante, o modo como você trata a si mesmo, falando mais dos outros do que de você.

-Não foi bem assim...

-Mas foi o que eu entendi.

Nessa hora, tudo parecia estar em Slow-motion a cadeira começou a girar e aos poucos ela foi aparecendo e revelando seu rosto e toda a sua aparência, ela era realmente uma pessoa muito bonita,cabelos ruivos no ombro, uma franja de lado, meio emo, com olhos verdes marcantes e com uma roupa de botão realmente apertada, que mostrava bastante dos... Dotes que ela possuía, mas o mais estranho de tudo foi o que aconteceu quando ela me viu. Os olhos se arregalaram e um sorriso abriu mostrando bem os dentes excessivamente brancos.

-Qual é o seu nome?

-Wa...wa...Wally, Wally Looserwood

-Como eu não sabia que você era desta universidade?

-Eu não sei, é... Não sei do que você está falando.

-Você é – Ela se abanava com os papéis que estavam antes em cima da mesa - Você é alguém realmente diferente!

-Ah...

Não estava entendendo muito do que acontecia naquela sala, ela parecia ter uma espécie de tara por mim ou coisa assim, mas isso não fazia sentido algum.

-Chega mais perto, Wal – Definitivamente todos aqui gostavam de me chamar de Wal.

-É, eu realmente tenho que terminar meu trabalho. E...

-Mas você vai passar aqui outras vezes Não é?

Ela começava a andar ao redor da mês, se achegando a mim e estava realmente cheirosa.

-Sim sim, mas agora tenho que ir. – Essa situação estava estranha

-Ok, mas não esqueça de mim ok?

-Ta, mas... Qual era o assunto que a Senhora...

-Senhorita! Senhorita Barroso, ou Fê para você!

-Que a senhorita queria tratar comigo?

-Ah nada, deixa para lá!

Olhei para a mesa e vi o livro que eu tinha deixado o Luccas Levar, era isso! Ele tinha me delatado. Mas eu não havia feito nada, ele inventou coisas para me criar problemas! Cachorro!

-Ok, estou indo ta, abraços!

-Beijos!

Eu fechei a porta e logo Babs esperava por mim sentada na cadeirinha da recepção. Ela olhava uma planta artificial e eu logo imaginava que ela desejava jantar a coitadinha da planta de plástico.

- E então, como foi? Ela perguntava ansiosa

-Foi tudo bem, ela não é o que falam, pelo menos não foi comigo.

-Eu conversava com um cara do 6º período e ele me falou que uma vez ela tentou agarra ele.

-Qual era o nome dele?

-Markus ou coisa assim, ele me contou que ela adora calouros, ela tentou alguma coisa com você?

-Não, eu corri antes

-Ufa!Mas e ai, o que aconteceu, o que ela queria falar com você? Eu vi o Luccas passando por aqui,ele olhou para mim com uma cara de que eu tina pego ele fazendo besteira e saiu as pressas

-Ela não falou sobre o assunto, estava tentando me seduzir, mas eu vi aquele livro que você comeu. E eu tinha deixado o luccas levar ele, Tenho certeza que ele me denunciou para ela, afinal eram livros raros.

-Mas o garanhão foi mas forte e seu poder de sedução resolveu o problema. HAHAHA

-Pára com isso! Eu quero distância disso, ta louca, to fora de problemas!

- Isso é difícil, mal começaram as aulas e você já foi para a direção e arranjou um arqui-rival

-Também vai ser difícil com uma amiga comendo tudo o que vê pela frente!

-HAHAHA! Nada a ver, eu sou controlada.

-Você queria comer aquela planta da recepção

-Você é observador hein!

-Você que é cara de pau! HAHAHA

Consegui terminar o trabalho a tempo e Luccas não, isso me deixou feliz e me senti horrível por isso. Mas ele mereceu. Sabe, as coisas vão acontecendo aqui e eu me pergunto se pode piorar, será que eu deveria ter obedecido minha mãe e ter ficado no rio? O que mais pode acontecer nesta universidade!

CAPÍTULO 06 - AULAS


Realmente, não sei porque estou fazendo esse curso, não consigo até agora entender a razão das coisas ditas nas aulas. Camila parecia adorar tudo aquilo, mas nada a deixava mais animada do que a pesquisa no s livros da grande biblioteca da Universidade.

Teríamos que entregar um projeto para a aula de História da Arte, o trabalho era sobre La evolução literária da frança ou coisa assim. Não entendi muita coisa, mas o professor disse que no próximo período teríamos língua francesa, então seria bom começarmos a entender um pouco mais sobre ela.

Depois de escolher alguns livros coloquei-os em cima da mesa e comecei a folhea-los, Camila parecia maravilhada, os olhos saltavam das órbitas perante as páginas amareladas e com um cheiro que realmente era confortante. Mas ela sempre pegava um livro e falava que iria ao banheiro, ela deveria Ler com mais facilidade no trono, provavelmente, espero.

-Então, está gostando de estudar?

-Está uma delicia!

-Uma delícia?

-Sim sim, estou adorando a variedade de as... conteúdo que esses livros tem

-Ah, está entendendo alguma coisa?

-Mais ou menos, está difícil digerir algumas coisas.

O Jeito que ela falava era estranho, mas era a Babs Né, fazer o que?! Fui buscar um livro falando da parte da revolução para conseguir algumas informações. A Babs tinha falado que o livro era muito bom então fui nas prateleiras procurar. O engraçado era que numa biblioteca tão grande, os livros eram meio mal cuidados, todos faltavam páginas e alguns tinha até marca de... BATOM!

Como livros teriam marca de batom? Parece até aquela expressão “Devorando as páginas” eu hein, esse livro falava justamente disso. Logo vi outro livro sobre a revolução e corri um pouco para pegar, mas minhas mãos tocaram o livro ao mesmo tempo que outra pessoa, eu poderia ter cedido, mas ai reparei o rosto do indivíduo, era Luccas, aquele marrentão do capítulo anterior! Que droga, confusão a vista.

-Pode soltar calouro!

-Rá, até parece, eu cheguei primeiro, e realmente preciso!

-Eu também, esqueceu que sou da sua turma?

-Jura? – Realmente não me lembrava dele – Da aula de história da arte?

-Lógico, não me viu?

-Não, estava mesmo prestando atenção em coisas mais importantes.

-Ah Calouro! Não mexe com fogo!

-Calouro, Você é da minha turma e quer ficar me chamando de calouro? Calouro é você o seu esquisito!

-Como é que é, sabe quem eu sou?

-Sei, mas realmente não faço questão de saber mais.

O Silêncio pairou e ele abriu um sorriso de canto de boca para mim e largou o livro, e pediu o livro que estava na minha mão, o livro rasgado e com marcas..

-Posso então ficar com esse?

-Mas está rasgado!

-Ah, mas vou se acho algo útil nele.

-Ok, se quer ele tanto assim, pode levar, Obrigado por deixar eu ficar com esse. Foi bondade sua.

-Imagina, tenho que ser bem receptivo aos novos alunos

De repente, ele se vira e deixa a biblioteca andando realmente rápido. Estava achando muito estranho a mudança de atitude dele, Foi tão repentina.Voltei a mesa enquanto Camila estava coma cara enfiada no livro, ela estava... cheirando! Cheirando os livros!

-Está louca? O que está fazendo?

- Ah, eu,eu,eu,eu não , não, não!

-Está se desculpando demais, conte logo o que aconteceu!

-Ah – A Cara dela era algo que dava pena. – Senta ai então. Vou Contar pra você.

-O que foi Babs? – Estava ficando com pena dela – Não fica assim.

-Bem, porque você faz o curso de Biblioteconomia?

- Isso não tem nada a ver com o assunto

-Só responda, já vai entender

-Ok , Só estou fazendo esse curso porque foi o único que eu passei, a verdade meu sonho é fazer letras.

-Bem, eu só faço esse curso Wal, porque o que eu mais gosto nessa terra são os livros, de duas maneiras. Eu adoro a leitura, conhecer outras coisas através de páginas somente com textos, que me fazem imaginar e descobrir um mundo que eu jamais sonharia em fazer parte, e com a leitura eu faço parte disso.

Era lindo o modo como ela falava, me fazia pensar em tudo aquilo que eu já tinha aprendido na vida através dos livros e que mesmo com a internet e tal, tudo era muito mais mágico nos livros.

- E Qual é a segunda parte?

-Eu adoro comer livros quando eu termino de ler, por isso minha mãe quis ter acesso a maior biblioteca que eu poderia visitar sempre.

-Uuu, isso é sério?

-É Wal, é triste mas eu além de ter vontade de comer coisas estranhas sou compulsiva por comer livros, sou anormal ao quadrado.

-Ah, Babs, tudo bem não fica assim, mas você gosta do resto todo não é?

-Sim sim.

-Então que mal há? São só alguns livros – Muito caros e raros – E nada mais.

Ela arregalou os olhos e apontou discretamente para trás, e eu sinto uma mão grande e pesada no meu obro dando uns tapinhas.

-Ei, rapaz, seu nome por favor

-Ah, para que?

-Não está vendo meu crachá?

Olhei e li que ele era alguém com um nome muito do feio e com uma cara de espiga de milho que parecia um desenho, e que também era inspetor.

-Ah sim, Meu nome é Wally, Wally Loserwood.

-É você mesmo que eu procuro, a diretora quer falar com você.

-Mas porque? Eu não fiz nada.

-Você vai ter sérios problemas rapaz – Ele dizia enquanto me dirigia pelos corredores vazios da universidade – A Diretora Fernanda Barroso é Barra pesada.

Agora eu senti um arrepio da ponta dos pés até o ultimo fio de cabelo. O que será que aconteceu?

CAPÍTULO 05 - COLEGA DE QUARTO


Mas fechar os olhos era algo complicado, tentando lembrar-me de qualquer coisinha que tivesse acontecido nesses longos dias em que passei dormindo. Ele tinha me batido tão forte assim? Eram tantas coisas na minha cabeça, resolvi ir comer alguma coisa.

Tínhamos um frigobar por quarto e eu já tinha guardado meus refrigerantes e comidas leves para qualquer emergência, Mas ao abrir a porta, vejo muitas barras de cereais e complementos alimentares com nomes suspeitos. Tinha esquecido, o colega de quarto!

Bati a porta da geladeira e comecei a passar o olho pelo quarto,e voltei a ver aquelas coisas que não pertenciam a nossa cultura, deveria ser marroquina ou coisa assim, mas olhava para outro canto e via peças indianas, desisti de entender quando vi lâmpadas japonesas no canto e um chapéu chinês pendurado na parede, o cara parecia gostar de muitas coisas, deveria ser alguém bem viajado.

A porta se abriu e vejo alguém com roupas esportivas completamente suadas e um IPod, entrando rapidamente e continuando a “simular” uma corrida mesmo parado.

-Olá! Companheiro dorminhoco de quarto! Como Vai?

-Bem, obrigado, chegou aqui quando?

-Ah sim, foi antes de ontem, no final do dia, vi você estatelado ai na cama durante todo esse tempo e resolvi não lhe incomodar,

-Ah, isso, um dia quem sabe te conte a história toda.

-Podemos correr enquanto você me conta.

-Mas são 3 da manhã!

-Sempre é um bom horário para se dar uma corrida, exercícios, Rap, dois, três ,Quatro!Rap, dois ,três , Quatro!

-Ok, mas não sou tanto de corridas assim, principalmente de madrugada.

-Ok, agora vou dormir, provavelmente você não está com sono então fique ai quietinho entendeu?

Sua voz mudara de tom, estava meio ameaçador, mas desconsiderei. Ele deitou do mesmo jeito que estava, SEM BANHO! Nossa, como ele agüentava!

A noite passou e eu assisti toda a grade durante a madrugada, com a função closed caption ligada, afinal o Sr marombado-adoro-me-exercitar-de-madrugada estava dormindo.

Comecei a arrumas as coisas para a aula de... Daqui a pouco aiiinn, que ansiedade, qual seria minha primeira aula?

Eram 6:30h e de repente ouço as batidas de sempre na porta. Camila me recebeu com um sorriso largo, mostrano o aparelho, que ela decorara com uma borrachinha de cada cor.

-Bom Dia Sr. Biblioteconomista! Como se sente esta manhã?

-Bem obrigado e voc....

-Ainda não está pronto? –Ela exclamava muito alto comom se fosse morrer se não estivesse pronto, isso acordou o colega de quarto ainda sem nome.

-Ah não, você já de manhã?!?!? - Ele gemia ao falar isso – Camila, sai daquiiii! São 6 da madrugada

-Oh, coitadinho do Valter, ACORDA GAROTO! Como pode ser tão disposto a exercícios e ser um preguiçoso ao mesmo tempo?

-Eu não tenho que levantar agora, acordar para quê?

-Ahhh, deixa para lááááá

Eu tentava me acostumar com o jeito doido dela, mas era difícil

-Bem Wal – Será que todos irão me chamar assim agora? – Vamos , quero lhe mostrar uma coisa

-Ok, deixe-me me vestir

Ela sentou ali na cama e ficou olhando como se fosse algo normal.

-Poderia sair uns instantes? – Eu quase supliquei.

-Porque? Já vi muito mais do que você vai mostrar agora

Ouvia-se a risada de Valter na cama, debaixo do edredom.

-Não viu nada, o Will que me deu banho – Valter só aumentava o volume da gargalhada e disse:

- Olha sobre o que você disse, de me contar a história toda, acho que não vou querer saber

Resmunguei algumas coisas, porque vi que tentar me explicar seria pior. Depois de pronto, fui com Camila, que agora insistia com que eu a chamasse de babs, devido a sua raiva de seu primeiro nome. Ela contava que tinha um namorado chamado Wander wu a fez odiar o nome, de tantas as vezes que o repetia melosamente! Tentei mudar o assunto de alguma forma, ela contar sobre o relacionamento anterior, não era algo muito agradável.

-Mas e sua colega de quarto, onde está?

-Não sei, ela se chamava Kati ou coisa assim. Mas saiu quando acidentalmente...

- O que você comeu Babs?

-Nada de importante, eram só algumas revistas

-Ah revistas, só isso?

-De coleção – Sua cara se contorceu um pouco, percebia-se que ela estava arrependida
– Acho que eram importadas, eram todas da Kelly Clarkson, Carrie Underwood e essas “DIVAS” como ela as chamava.

-Você também só come coisas que os outros gostam.

-É mais forte do que eu. Não tenho como me controlar

Estávamos indo para a biblioteca, ela queria me mostrar como era linda e com tantos livros raros. Estava realmente fascinado e começando a gostar,pegando vários livros para ler, quando de repente, trombo com um cara magrelo de óculos com uma cara maligna e uma sobrancelha só, uma grande e grossa sobrancelha que ia de um lado ao outro. Os livros que segurávamos caíram no chão espalhando-se e misturando com tudo o que havia na mão dele.

-Desculpe-me, sou meio desastrado!

-Olha por onde anda o garoto, não quero perder o tempo com calouros como você.

Ele saiu marchando pela biblioteca com passadas desengonçadas mas amedrontadoras, ele olhou para trás e com uma cara raivosa disse

-Estou de olho em você.

Camila realmente parecia ser de outro mundo, ela estava e não estava nessa situação que acabara de acontecer. Ria como se tivessem contado uma piada. Era a criatura mais sem noção que eu já tinha visto na vida. Ela me passou todas as informações sobre o cara marrentão que eu tinha esbarrado.

- O nome dele é Luccas, ele não é daqui, como você, veio de Belém do Pará. Mas não liga para ele não ta, esse tipo de gente não vale a pena.

Eu tentei deixar para lá, mas algo me dizia que seria o começo de muitas confusões na Universidade.

CAPÍTULO 04 - INTIMIDADE DEMAIS



Tive que colocar minhas roupas rapidamente e corri para o quarto de Camila, bati freneticamente na porta e ela se abriu sozinha.
Lá dentro, Camila tomava chá com... Wiliam, o mendigo

-O que exatamente aconteceu Ontem... Hoje... Ah sei La Quando?

-Ah, queridinho – disse Camila – Você estava sujo de areia e o Will te deu um banho

Olhei para ele e ele continuava imundo.

- E porque não aproveitou pra tomar um banho também?

- Ah, é minha filosofia, eu vou me limpar, as pessoas vão achar que eu tenho um lugar, ai ninguém dá esmola.

- Mas Camila não viu nada não NE?

-hihihi – Uma risadinha provocadora de Camila - Vi tudo! Tudinho!

- É mentira dela, eu te dei banho e só eu vi, e vi até demais... Esperava mais de você.

-Como assim? – Retruquei.

Os dois riram enquanto minha cara corava e eu já estava saindo quando ele acrescentou:

-Era o mínimo que eu poderia fazer, depois do constrangimento que lhe fiz passar

Ele falava muito bem para um mendigo.

-Ah sim. Obrigado, acho. Mas então, agora vocês são amigos?

-Não não, só estamos tendo um caso – Disse Camila

Meus olhos se arregalaram ao imaginar aquela boca com só dois dentes entrando em contato com a outra cheia de dentes e aparelho. Deu-me ânsia de vômito, confesso!

- É Brincadeira ta? – Disse Will – Eu jamais a pegaria!

Camila arregalou os olhos e se levantou gritando.

-Como assim JAMAIS? Eu sou um monstro por acaso?

- Bem - ele parou um pouco antes de continuar - Você está comendo o sache do chá, não deve ser muito agradável beijar alguém que come esse tipo de coisa.

- E você não viu nada – Disse – Eu a conheci, enquanto ela comia um cd!

- Jura? Estou perplexo! Pasmo!

-calma calma calma! Pasmo, Perplexo? Você é um mendigo, como pode falar desse jeito?

- Não sabia que você era preconceituoso.

-Como assim?

- Só porque eu sou um mendigo eu não posso falar bem? Caso você não saiba eu tenho um diploma desta universidade que cursam!

Nossas bocas se abriram bastante, a de Camila era mais nojenta, porque aos poucos, iam caindo os pedaços do sache, todo mastigado.

- E porque é mendigo?

- Por opção. É mais fácil viver assim, na beira da praia, com sempre um dinheirinho, amigos que sempre dão comida, e uns otários que me pagam as coisas de vez em quando... O que não é seu caso ta! Relaxa, você é um bom companheiro.

- Não usaria essa palavra exatamente para definir nossa... É... Convivência.

-Bem, o que vamos fazer hoje? Ainda temos alguns dias para nos divertir!

-Alguns dias? Está doido? Alooou Wally, as aulas começam amanhã!

-Como é que é!??!

-Sim sim, isso mesmo, já estão todos nos seus quartos, e não sei se você reparou, mas seu colega já colocou as coisas lá!

- Quanto tempo eu dormi?

- Só alguns dias

- Como você consegue falar assim com tanta calma? As aulas começam amanhã e eu nem me preparei, nem nada!

-Não fique assim, eu te ajudo em tudo o que você precisar

-Não acho que vou querer sua ajuda, com tudo o que tem acontecido ultimamente, acho que você dá azar.

Dei uma risadinha mas ela não achou muita graça, abaixou a cabeça e começou a fungar. Não teve jeito comecei a me sentir mal por ter dito aquilo

- Você a magoou Wal. – Disse Will.

Eu fingi não ouvir o exagero de intimidade que ele usou para me chamar de “Wal” e fui falar com ela.

-Camila, não é assim, eu não quis...

-Aaaaah, agora não é assim, você não se preocupa com a maneira que eu sinto as coisas?

-é que...

-É que uma ova, você fala do jeito que você quer e não ta nem ai se você enfia uma faca no peito de quem ouve ou então corta o coração de cima a baixou com o peso de suas palavras.

- Acho que você está exa...

- E nem pense em falar que eu estou exagerando, você não sabe o quanto eu sofri, as dores que eu passei, eu nuca tive um Pônei, eu sempre quis a “Barbie” e ganhava a bosta da “Susi” de que adiantava, não poderia ser perfeito não dava, não dava!

Will foi saindo devagar enquanto ela pranteava coisas sem sentido, colocando todo o sofrimento de criança para fora. Ele deu uma risadinha e sibilou as letras T.P.M.

- E caverna do dragão? Aquilo nunca teve um final, eu tentava acompanhar mas eles não conseguiam sair de lá... Tadinhos... Aquilo era o inferno! Eles não sabiam aquele anãozinho que se chamava de “mestre”, só atrapalhava! Aaaaaaahhhh como eu quero comer um hamburgueeeer!

Não tinha jeito, andei e abracei-a enquanto ela chorava e chorava, se não me engano, ela deve ter contado alguma coisa sobre os astecas que eu não consegui entender. Mas, o que eu conseguia entender, o que alguém conseguiria entender, acho que nem ela via sentido nas palavras dela.

Depois de muito choro, ela se acalmou e eu disse:

- Desculpa ta? Pode me ajudar no que quiser – Sabia que eu iria me arrepender disso.
Voltei para minha cama e vi as coisas do meu colega de quarto. Ele era tão organizado como eu, mas meio “cheiroso demais” tudo dele tinha um cheiro, era uma confusão que me enjoou um pouco. Fui dormir, mal sabendo que amanhã começariam as aulas. Meu Deus, já!

CAPÍTULO 03 - AMIGOS


A noite correu rápida e logo era de manhã. Não tinha o que fazer e fiquei na cama até cansar, sabia que daqui a alguns dias não poderia mais fazer isso, as aulas iriam começar. Estava assistindo Ana Maria Braga – Deprimente, eu sei – quando ouço batidas frenéticas na porta. Da cama perguntei quem era, pois estava com muita preguiça para levantar.

-Como quem é? Sou eu, Camila

-Já Vou! Já Vou

Só que não fui, resolvi evitar ao máximo ter que levantar, rolei na cama, de um lado para o outro. E as batidas irregulares recomeçaram

-Alooooou, você não falou que iria me atender?

-Ah, sim Camila, já estou indo!

De repente comecei a imaginar coisas mais absurdas, como ela comendo a minha porta, mas isso era fora do comum DEMAIS mas levantei e fui atendê-la.

-Bom Dia, Wally. Preparei um dia excelente para nós dois, iremos ao parque e depois a praia e também...

-Como é que é?

-Ah, eu estou me sentindo um pouco mal devido à bagunça que causei ontem e queria me redimir e...

-Já comprou meu cd novo?

-Chega amanhã!

- Então já está tudo ok, não precisa me compensar ok? Bye!

Fui fechando a porta e seu rosto foi acompanhando até não pode mais, deitei na cama mas como ela respirava de uma forma muito estranha, ouvi que ainda estava lá, será que estava pensando no que falar?Ou coisa assim?

Tentei deixar para lá, mas me veio um peso na consciência, eu já tinha deitado fazia uns 10 minutos e ainda ouvia a respiração que já estava meio ofegante do outro lado da porta. Escovei os dentes e coloquei uma roupa leve, levando outra muda na mochila e abri a porta, aquela boca grande cheia de aparelhos se abriu de um lado ao outro, me deixando mais tranqüilo e ao mesmo tempo com medo, muito medo.

-Se você quer tanto assim me compensar

-Vou te compensar até você não agüentar mais... Saiu meio estranho isso não?

-Muito, mas eu entendi o que você quis dizer – Acho.

Passamos pela portaria e vi que Bruno – O inspetor – protegia tudo o que estava na mesa com uma mão, e com a outra segurava bem forte sua toca. Tinha a impressão de que essa cena não iria ter um fim. Não durante os quatro anos em que Camila Babsinco estudasse ali. Ela tinha uma Síndrome com nome suspeito que fazia ter desejo de comer coisas estranhas, como meu cd e a toca do Inspetor Bruno. Resolvi aliviar a tensão que pairava sobre nós com uns assuntos comuns e banais.

- Então, qual o curso que você está fazendo, ou ira fazer Né, já que as aulas só começam semana que vem?

- Biblioteconomia

Gelei de cima a baixo, além de dormir no quarto ao lado dela, provavelmente a veria o resto do dia, na Universidade, em trabalhos extras na biblioteca e em tudo mais! Reparei que minha expressão mudou drasticamente e tentei me recompor, mas acho que ela sentiu o que eu iria dizer...

- Eu também

-uuuuu Jura? Que legal, seremos uma dupla e tanto, afinal já passamos pela primeira etapa, aquela em que ninguém se conhece nos primeiros dias de aula, afinal já somos amigos NE?

Amigos era uma palavra um pouco mais profunda para mim, mas não vi mal nenhum, afinal ela estava meio que certa.

-Sim sim, serão mais fáceis – Só se for pra ela - Os primeiros dias de aula! Mas então, para onde vamos

- Surpresa, aquela boca gigante abriu de novo e toda aquela armação metálica brilhou contra a luz do sol, me causando uma cegueira temporária, eu não via nada e acabei tropeçando no que parecia ser um gato, rolei pela calçada molhada e parei quando acertei um muro. Foi algo cinematográfico!

-Você se machucou? Perguntou Camila

-Não, estou bem

-Ei garoto, você está bem? - Uma outra voz perguntou, e não me era estranha

Levantei devagar e me sentei no chão, com ajuda de Camila que agora ria histericamente.

-Obrigado gente, mas estou bem, valeu mesmo, são só uns arranhões.

- É você seu mentiroso de uma figa!

-Como é?

Eu olhei para o alto e contra a luz do sol, vi aquela criatura horrenda, mal-vestida e fedorenta olhando para mim com olhos de raiva. O Mendigo!

-Eu posso explicar!

-Explicar uma ova! Você mentiu pra mim depois que eu te ajudei!

Estávamos perto da praia, era só cruzar a rua que teríamos a areia sob nossos pés, ele me segurou pela blusa, me levantou e saiu correndo gritando feio um macaco. Girou-me colocando meu rosto em direção ao dele e disse:

-Ninguém faz Wiliam da Ponte de idiota!

-Mas eu pago um almoço para você!

Não adiantou, enquanto eu falava essas que pareciam minhas ultimas palavras, ele me arremessou na praia, eu tive a sensação de ficar no ar durante vários minutos foi até bom. Mas toda a leveza foi embora e eu cai de cara na areia rolando e me transformando num Wally empanado.

-Entendido moleque?

-Eu pago um almoço... Um almoço para você

Ele abriu um largo sorriso e disse que estava tudo bem então! Logo Camila apareceu e começou a conversar com ele, a última coisa que me lembro.

Acordei na minha cama, Camila entrava no quarto com uma xícara de chá que pelo cheiro, era de camomila.

-Como Vim parar aqui?

Ela olhou e deu um sorrisinho, que naquela boca se igualava a uma gargalhada de alguém normal.

-Eu e o Will te trouxemos seu bobinho.

-Eita, ainda dá pra eu pagar o almoço que estou devendo para ele...

-Já está tudo certo meu bem, hahahaha e a essa hora, você só conseguiria parar um lanchinho da madrugada para o Will!

-Como assim essa hora?

Levantei rápido e olhei para o relógio, eram 03:00 da madrugada, e a noite estava estrelada lá fora, vi pela janela aberta. Um vento soprou e senti ele correr por todo o meu corpo, Assustado olhei para mim mesmo e vi que estava nu!

-Aaaaah! Onde estão minas roupas?

Já era tarde, Camila tinha saído e deixado o chá pronto para mim!

-Mas... O que será que aconteceu? Eu não me lembro de nada!

Levantei e rapidamente peguei minhas roupas e vesti O que mais poderia acontecer nessa Universidade, antes das aulas começarem?!

CAPITULO 02 - FOME


Olhei o meu quarto e ele estava todo revirado. Fui virando aos poucos o rosto e vi alguém sentado no chão de costas para mim, com um cabelo grande. Andei para mais perto, com medo de ser algum bandido, mas parecia tão frágil, era uma menina e... Estava comendo o meu CD!!!

- Ei, está maluca?

-Ai meu Deus! – Parecia que ela saia de um transe quando gritei com ela - O que eu fiz? Isso era seu?


-Sim, meu CD da Carrie!!!
- Ahh, sinto muito, eu vou te pagar prometo

-Ok, tudo bem, mas você o estava comendo?

- É uma longa história

-Pode ir me contando enquanto vai fazendo o pedido de um novo pela net, vamos a biblioteca, lá tem computado...

-Não não! A Biblioteca não, não agora, deixa eu me recuperar e ai sim nós vamos. Antes deixe-me apresentar. Meu nome é Camila, Camila Babsinco eu estudo aqui, e vou dividir o quarto ao lado do seu, eu tenho alguns problemas...

-Nota-se.

-É triste ta, e muito difícil, mas eu tenho Síndrome de PICA

-Além de tudo é uma pervertida! Sai daqui!

-Não é isso

- Essa síndrome... Bem... Resumindo para você, eu tenho desejo por comer coisas digamos “Não-Comíveis”

-E o meu CD é uma dessas coisa

-Seguinte, estava arrumando as minhas coisas e senti um cheiro muito forte, o cheiro do seu CD.

-Eu hein

-Ai, tentei me controlar, mas não agüentei, passei pela janela para vir aqui comer, e destranquei a porta por dentro para poder sair correndo, mas essa cantora aqui...

-Carrie, Carrie Underwood.

-Sim, os CDs dela cheiram tão bem e tem um sabooooor...

-Ok, ok, isso já foi demais por uma noite. Vá para o seu quarto.

Ela parou por uns instantes e começou a falar

- Ai entra o problema número dois

-Ai Jesus, tem coisa pior?

-Meu quarto está trancado.

-Vá pela janela – Nessa hora, comecei a realmente ficar com medo.

-Não dá! Eu, no meu desejo não percebi que estava no terceiro andar e agora não tenho coragem de voltar.

Parei e comecei a analisar a situação, uma garota - que agora eu reparava que não era feia, e sim mal tratada – estava em cima de uma pilha de cadernos e roupas comendo um CD da Carrie, usando uma roupa que ela só deveria usar para dormir. Essa mesma garota, atravessou uma janela para vir comer – Meu Deus ela veio mesmo comer – meu cd, e agora estava com medo de voltar porque estávamos no terceiro andar. Se alguém nos pegasse aqui teria problemas, mas o que eu poderia fazer? Quando dei por mim lá estava ela indo para o segundo cd da pilha!

-Tá lôca? Bebeu?Já chega Né?

-Sorry! Eu não me controlo

-Sabe que vamos ter que chamar o inspetor Né ?

-Aiiinn, problemas denovo!

-Denovo?

Ela me ignorou, então fiz outra pergunta.

-Mas porque chegou tão cedo aqui – Falava isso enquanto ia guiando ela para o inspetor para explicar toda a situação – Os alunos só chegam no final de semana

-Minha mãe.

- O que tem ela?

- Não me agüentava mais

- mas ela é sua mãe, não lidava muito bem com a síndrome de tarado?

- Ãnh?

-PICA, a síndrome de PICA, não me force a ficar falando esse nome!

-Ah sim, eu comi a coleção de livros dela de Jane Austen, ai ela me mandou mais cedo

-Hummm

Estávamos chegando perto do inspetor. Quando ele viu Camila, arregalou os olhos e segurou a toca preta que estava quase rasgando de tanta força que fazia para segurar ela na cabeça.

-Essa não, essa você não come!

-Já vi que cumprimentou o inspetor antes de comer meus CDs – Eu falei a ela.

-Essa maluca também deu uma comida em algo seu?

Tentei não levar na maldade as frases dele.

- Só um cd meu, cheguei a tempo de evitar uma catástrofe maior, acho

-O que aconteceu?

Explicamos a história para ele – O nome dele era Bruno – e ele emprestou uma cópia da chave, abrimos e ela conseguiu ir para o quarto,

Deitei na cama, e imaginei como seria o meu dia seguinte, ainda tinha tanta coisa que eu queria saber sobre... Aquela situação. Estava pensando nela ou na droga da síndrome?Quanta coisa na minha cabeça, e as aulas nem haviam começado!

Estava ficando preocupado! O que poderia me esperar amanhã?

CAPITULO 01 - MUDANÇA


Meu nome é Wally, Wally Looserwood, tenho 17 anos e agora estou discutindo com minha mãe sobre a universidade que eu iria.

-Mas filho, o que se estuda em biblio... bibliote... Esse negócio ai que você está querendo fazer?

-Biblioteconomia Mãe, e eu não estou querendo fazer, mas foi a única que eu entrei e sabe que eu não posso ficar recusando oportunidades.

- Mas filho, aonde você vai morar? A universidade fica lá no Espírito Santo, vou ficar como aqui com o doido do seu pai querendo ficar pelado direto na casa.

-Mãe, você se virava muito bem com ele quando eu não era nascido.

-Mas antes eu também andava pelada pela casa, tinha um corpo que... Meu filho... Parava o transito! Agora estou... Assim, mas tenho consciência do meu estado, ele não, ainda se acha o garotão. Olha só, lá vai ele se exibir tentando levantar pesos.

Pela janela, meu pai estava pegando uma barra gigantesca e não conseguiu levantar, rasgando o short e mostrando aquela cueca de bolinhas vermelhas. Que decepção, se não fosse um cara com a mente forte, precisaria de anos de terapia!

-Mãe, por favor, não fique fazendo essa cara para mim, eu vou e está decidido.

Depois de muitas lágrimas e escândalos, consegui acalmá-la e arrumei as coisas e entrei no Ônibus para o espírito santo.

A viagem foi o de sempre, chacoalhos e torcicolos, mas logo estava numa rodoviária em Vitória e definitivamente não tinha idéia de para onde ir, nos mapas parecia tudo tão simples e agora tinham tantas pessoas e ninguém parecia querer me ajudar. Perguntei na lanchonete e eles me guiaram a UFES. Um cara engraçado, comprido e orelhudo com uma barba meio ruiva me recebeu e disse que o esquema de quartos para alunos estava no seu primeiro ano, eu tinha chegado bem antes do período das aulas, isso significa, que eu teria uma longa semana para conhecer toda a cidade antes de meus colegas de quarto chegarem e os outros alunos também.

Para começar fui ajeitar minhas coisas e tive sorte, pois poderia arrumar o quarto e ficar aonde eu quisesse.
Tudo estava em perfeita ordem, arrumado por cor, tamanho e/ou ordem alfabética. Tudo do jeito que eu gostava, arrumadérrimo!

Resolvi passear pela cidade até dar a hora de dormir, afinal, sem ninguém e sem dinheiro, não haveria muito o que fazer.
A cidade de Vitória é bonita, as praias são bonitas e tem gente muito simpática, um dos motivos que me fez vir para cá ao invés de tentar algo em são Paulo - O gentinha chata e besta esse povo de são Paulo – andei, andei e comi numa lanchonete simpática, mas muito cheia.
Resolvi voltar caminhando pelas ruas semi-ilumindadas da cidade até a Universidade. Caminhando olhando as casas , os prédios e... Caraca, onde estou? Roda aqui procura alguém, mas como o tempo estava levemente frio, as pessoas já tinham entrado e estava sozinho - e começando a ficar com medo - na rua.

De repente, encontrei uma alma viva e corri em direção a ela. Mas depois de alguns passos parei e comecei a pensar no que eu estava fazendo, poderia ele ser um bandido ou qualquer coisa, mas eu estava perdido. Tinha que correr esse riso e chamei
- Ei, Psiu!

-Pois não?

Era uma das criaturas mais feias que eu já tinha visto na vida, só tinha dois dentes, um cabelo todo imundo e grudado parece que com cera ou coisa assim, os olhos fundos e a pele totalmente enrugada, uma beiça avantajada que quase arrastava no queixo...

- Então? Me chamou para quê?

-Ah! – esqueci por um instante, diante de tamanha feiúra – Você mora por aqui?

- Não está vendo minha casa? – Ele apontava para um caixote na calçada dos fundos de um prédio bem alto, ninguém devia passar por ali.

-Ah, poderia me guiar até a universidade do espírito santo?

- Você é de lá? Não deveria estar estudando mocinho?

-As aulas ainda não começaram e eles têm uma espécie de toque de recolher, se eu não chegar logo, vou ter que dormir na rua – Não pareceu muito legal ter falado isso, mas não acho que ele tenha se ofendido.

- Ok Ok, eu te levo lá, mas vai ter que me dar alguma coisa para comer depois

- Pode deixar!

Ele me guiou e foi falando da cidade como um guia turístico, conhecia tudo, mesmo sem ter ido a lugar nenhum, bom pelo menos não nos lugares pagos.

- Bem, chegamos, estarei esperando aqui pela comida!

-Ok, já volto

Entrei e o mesmo cara com barba ruiva me recebeu, brigando comigo por causa do horário ele me levou pra dentro e logo trancou o portão, e eu não poderia levar a comida para o... Caraca, nem perguntei o nome do mendigo!
Chegando ao corredor, vi que minha porta estava entreaberta e as luzes acesas, fui na ponta dos pés até ela, quando abri vi umas das cenas mais estranhas de toda a minha vida.